quarta-feira, 20 de maio de 2015

Nelore adota PMGZ como programa oficial

Convênio com a ABCZ estabelece que a Associação Nelore passará a indicar o programa de melhoramento a seus filiados, embora sem obrigatoriedade.
Carolina Rodrigues
A escolha do Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ) como ferramenta oficial de seleção da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB) marcou a etapa paulista do Circuito 100% PMGZ, evento organizado pela ABCZ, Associação Brasileira dos Criadores de Zebu, na tarde de 9 de abril, em São Paulo. A decisão foi oficializada por meio de um convênio assinado por Luiz Cláudio Paranhos, presidente da ABCZ; Pedro Gustavo de Britto Novis, presidente da Nelore; e o vice, José Luiz Niemeyer dos Santos.

 
A intenção é aproximar ainda mais as duas entidades, que sempre tiveram linhas de trabalho parecidas. Com o convênio, a ACNB passará a indicar adesões ao PMGZ, embora isso não seja obrigatório. Em contrapartida, receberá da ABCZ um percentual dos recursos obtidos com taxas de adesão e mensalidades pagas pelos pecuaristas que participam do programa.
 
Acordos semelhantes foram fechados também com as associações de Tabapuã e Guzerá. Na prática, ele marca o fim da parceria da ACNB com a ANCP, Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores, entidade responsável pelo Programa de Melhoramento Genético da Raça Nelore (PMGRN), tido como programa oficial da ACNB desde a gestão de Carlos
Viacava, em 1999. “Fiquei surpreso com decisão da diretoria da Nelore. Não sou contra mudanças, mas acho que o melhoramento genético não deve funcionar à base de marketing, ações políticas ou acordos financeiros”, diz Viacava, atual vice- -presidente da ANCP, vendo riscos no fato da associação do Nelore indicar o uso de um determinado programa em detrimento de outro. “A ABCZ é promotora da ExpoGenética, que se tornou a mais importante exposição do País por reunir diversos programas de melhoramento genético em prol da pecuária brasileira. Então por que, no momento de se fechar convênios como este, tem de haver exclusividade na indicação do PMGZ?”, questiona o selecionador.
 
Segundo o diretor executivo da Nelore, André Locatelli, “a decisão é fruto de
uma história”. As duas entidades – ressalta ele – já atuam juntas em diversas frentes, como o julgamento de animais, a escolha do corpo de jurados, além de ações promocionais em diversas exposições agropecuárias. “Agora estamos unindo as pontas também no melhoramento genético.
 
A escolha do PMGZ como programa oficial da raça apenas sela uma parceria já existente e não desmerece qualquer outro programa”. Pedro Novis, presidente da entidade, acrescenta que a ABCZ responde pelo registro genealógico do Nelore e possui um corpo técnico altamente gabaritado. “Esses profissionais estão inseridos no dia-a-dia dos criatórios e levam os conceitos do PMGZ a várias regiões do País, onde também temos escritórios conveniados. Isso certamente resultará em ações conjuntas melhor trabalhadas”, diz ele.
 
Divergências – Para Luiz Antônio Josahkian, superintendente técnico da ABCZ, o acordo econômico firmado com as três associações de raças zebuínas (Nelore, Guzerá e Tabapuã) é legítimo, pois reconhece o trabalho promocional que essas entidades realizam em suas áreas de atuação. “Nada mais justo que recebam um percentual sobre o valor arrecadado com o PMGZ para uso em fomento e outras atividades essenciais para seus filiados. Trata-se de um termo de cooperação, que, a exemplo de outros, deve beneficiar ambas as partes”, diz ele.
 
Carlos Viacava espera que a decisão não atrase o processo de melhoramento genético da raça Nelore. “Torço para que façam o melhor no PMGZ, porque a pecuária brasileira precisa disso e a ABCZ tem total condições para fazer um ótimo trabalho. Existe um esforço para tornar o PMGZ um programa mais consistente, mas ele está no começo. Não se pode menosprezar o trabalho de uma entidade de pesquisa como a ANCP”, adverte Viacava, que durante anos integrou o comitê de avaliação dos dois programas, deixando o PMGZ em 2012 para seguir exclusivamente as avaliações da ANCP. “São programas que caminharam em velocidades diferentes. Os resultados do PMGZ ainda são muito incipientes”, afirma.
 
Em meio à polêmica, Raysildo Lôbo, presidente da ANCP, mantém a discrição e evita falar sobre o tema. O fundamental, segundo ele, é que os criadores saibam fazer bom uso do programa de melhoramento escolhido como ferramenta de seleção. “A ABCZ está no direito dela e a ACNB também. O imprescindível é que haja consistência nas avaliações e critérios de seleção bem estabelecidos para que o Nelore continue sendo trabalhado corretamente, em prol de uma pecuária de corte eficiente e rentável”, sentencia. 
 
A reportagem completa está na edição de maio da Revista DBO. Assinantes também podem acessá-la na edição digital 

Fonte: DBO 415

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