terça-feira, 5 de novembro de 2013

Venda de carne bovina para Hong Kong dispara

Hong Kong, com 7 milhões de habitantes, tornou-se o principal mercado importador de carne bovina brasileira, superando a Rússia. E a razão é simples: grande parte dessas compras toma o rumo da China, que oficialmente proibiu a entrada do produto em seu mercado no fim de 2012 por conta da confirmação de um caso atípico da doença da "vaca louca" no Paraná.

As vendas para Hong Kong aumentaram 71,4% em volume de janeiro a setembro deste ano em relação ao mesmo período de 2012. Em outubro, essa região administrativa especial da China caiu para o terceiro lugar no ranking dos maiores importadores, atrás de Rússia e Venezuela. Mas, no acumulado do ano, permaneceu na liderança, com importações que chegaram a US$ 1,157 bilhão, ante US$ 1,047 bilhão dos russos, conforme antecipou o Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor.


Houve, portanto, uma flagrante aceleração do crescimento das vendas de carne bovina do Brasil para Hong Kong. Em 2012, a expansão do volume dos embarques na comparação com o ano anterior havia sido de 17,4%. Em 2011, a alta alcançara 14,1%. E a situação mostra as contradições chinesas. Nesse contexto, é provável que Pequim continue a interditar o acesso da carne brasileira, apesar dos pedidos que a delegação brasileira comandada pelo vice-presidente Michel Temer fará esta semana na China.

Temer desembarcou em Macau, perto de Hong Kong, e logo se encontrou com o vice-primeiro-ministro Wang Yang, encarregado de temas econômicos, comerciais e financeiros no Conselho de Estado chinês, a quem enumerou os pleitos brasileiros, entre eles a reabertura do mercado para o filé nacional.

O chinês, porém, ouviu e ficou calado, segundo uma fonte. Os dois voltam a se encontrar na quarta-feira, em Cantão, na grande reunião bilateral anual. Ali, a demanda será repetida. O ministro da Agricultura, Antônio Andrade, também estará em Pequim na quinta-feira para tentar encontrar uma solução para o problema. Para fontes que acompanham a questão, os chineses não vão reabrir o mercado agora e promoverão uma nova visita técnica para inspecionar frigoríficos no Brasil, apesar dos argumentos trazidos pela delegação brasileira.

Ou seja, a decisão de acabar com a proibição tende a ser adiada. Maior parceira comercial do Brasil, a China é um dos poucos países no mundo a manter a barreira ao produto brasileiro, ao lado de Japão e África do Sul. Isso apesar de a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) já ter dito e repetido que o caso atípico de "vaca louca" no Paraná não afetou a cadeia alimentar e de ter preservado o status do Brasil de "país de risco insignificante" para a doença.

Recentemente, na Organização Mundial do Comércio (OMC), a China pediu mais informações do Brasil. Insistiu que havia problemas "indefinidos" na ciência e que, por não ter a doença, precisa proteger sua pecuária. Os chineses argumentaram, na ocasião, que suas leis e regulações proíbem a importação da carne do Brasil e de alguns outros exportadores que eventualmente registraram casos de "vaca louca".

Assim, importar não pode, mas consumir pode. Um conhecedor do tema conta que a carne passa de Hong Kong para o resto da China sem nenhum problema. O único produto com controle entre a China e sua região de administração especial é leite em pó infantil. É que depois do escândalo do leite na segunda maior economia do país, quem vai à China só pode carregar 1,8 quilo desse leite para não provocar escassez em Hong Kong.

Apenas oito frigoríficos brasileiros estavam autorizados a exportar carne bovina para a China e outros nove perto de conseguir o sinal verde até que houve o caso da "vaca louca". Uma fonte lembra que além de continuar vendendo muito, via Hong Kong, há uma companhia brasileira produzindo na Austrália e vendendo de lá para os chineses. A empresa em questão é a JBS. Fonte: Jornal Valor Econômico.


Imagem: RBS


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