terça-feira, 26 de novembro de 2013

Alívio de sanções ao Irã deve beneficiar carne brasileira

O afrouxamento das sanções contra o Irã, previsto no acordo provisório sobre o programa nuclear do país, gera grande expectativa no agronegócio brasileiro. O Irã é um parceiro comercial que tem gerado saldos importantes para a balança comercial do Brasil desde o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Mas as exportações brasileiras estagnaram nos últimos dois anos e estão caindo fortemente neste ano, com o recrudescimento das sanções e a piora das relações bilaterais durante o governo de Dilma Rousseff.

As vendas brasileiras para o Irã chegaram a US$ 2,332 bilhões em 2011, primeiro ano do governo Dilma. Em 2012, as exportações, que vinham ganhando impulso, recuaram para US$ 2,183 bilhões. Neste ano, o comércio desabou.

Entre janeiro e outubro, o Brasil exportou apenas US$ 1,204 bilhão para o Irã, com destaque para cereais, açúcar e carnes. Já as exportações iranianas para o Brasil, que em 2010 chegaram a US$ 123 milhões, somam apenas US$ 7,5 milhões em 2013.

As principais exportações brasileiras não são alvo direto das sanções impostas pelo Ocidente ao Irã. Mas elas acabaram sendo afetadas pelo asfixiamento a que a economia iraniana foi submetida, com restrições de seguro, crédito e acesso dos iranianos a recursos no exterior, além da dificuldade de contratar navios e contêineres para exportar para lá.

Além disso, diferentemente de Lula, a presidente Dilma não manteve uma relação próxima com o regime iraniano, o que, segundo fontes, acabou afetando as relações comerciais. Em 2010, Lula chegou a costurar, juntamente com a Turquia, um acordo com os iranianos para enriquecimento de urânio fora do país - que acabou sendo rejeitado pelos EUA e aliados europeus. Foi o cume da boa relação entre os governos brasileiro e iraniano.

Mas o clima azedou após o Brasil ter adotado posições desfavoráveis ao Irã no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas em 2011, já sob Dilma.

Dentre os setores que mais comemoram o alívio nas sanções ao Irã está o de carne bovina. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), o setor conseguiu entre janeiro e outubro uma receita de US$ 161,9 milhões com as vendas aos iranianos. O desempenho é pífio se comparado aos US$ 807,5 milhões exportados em 2010.

Mas a expectativa, agora, é de reversão deste quadro. "Desde outubro nós já vínhamos sentindo um interesse maior dos importadores iranianos, antevendo que algo poderia mudar [em relação às sanções]", diz Antonio Jorge Camardelli, presidente da Abiec. Isso já se refletiu em exportações de 7.400 toneladas em novembro, com receita de US$ 33 milhões, contra US$ 24,7 milhões e 5.000 toneladas em outubro.

Para 2014, a entidade espera que as exportações cheguem a um recorde de US$ 1 bilhão. "Pretendemos até fazer um churrasco promocional em Teerã para comemorar", afirma Camardelli.


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