quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Cenário adverso para confinamento

Sistema que ajuda a complementar a oferta de gado bovino no período da entressafra - que vai de maio a novembro -, os confinamentos devem ficar mais vazios neste ano, aponta nova estimativa da Associação Nacional dos Confinadores (Assocon).
De acordo com projeção da entidade, o número de bovinos confinados no Brasil deve cair 9% em 2013, para cerca de 3,3 milhões de animais.

Esses números foram extrapolados a partir da intenção de confinamento dos associados da Assocon, que respondem por cerca de 20% - ou cerca de 570 mil cabeças - do total dos confinadores do país. No início do ano, a entidade previu que o Brasil confinaria 4% mais gado bovino em relação a 2012, quando o país utilizou o sistema intensivo de engorda para quase 3,5 milhões de bovinos. Amplamente utilizado em países como EUA e Austrália, o sistema de engorda de boi nos chamados confinamentos representa no Brasil entre 7% e 9% dos abates de animais.

Geralmente, os bois ingressam nos confinamentos quando ainda são chamados de "boi magro", com peso entre 12 e 13 arrobas. Os animais deixam os confinamentos com destino ao abate após um período médio de três meses, quando atingem 18 arrobas.
Como o Brasil conta com uma ampla disponibilidade de pastagens e confinar gado bovino significa gastar mais em função dos grãos utilizados na alimentação, a pecuária brasileira faz uso do sistema quase que exclusivamente na entressafra, período seco do ano em que as pastagens perdem qualidade e valor nutricional.

Neste ano, os elevados preços do boi magro desestimularam os grandes confinadores, afirma o diretor-executivo da Assocon, Bruno Andrade. Segundo ele, o boi magro chegou a custar 16% mais que o boi gordo em alguns períodos do ano. A alta do boi magro afeta principalmente os produtores que utilizam o confinamento de forma isolada. Nesses casos, o gado é comprado de outros pecuaristas.

Há ainda a modalidade conhecida como "boitel" - que faz alusão a hotel -, em que o pecuarista paga diárias para que o dono do confinamento faça a engorda do animal. Como os preços do boi magro estão mais altos, o pecuarista quer vender esse gado, e não pagar diária, afirma Andrade.

Também contribuiu para a redução do número de animais confinados a baixa utilização do sistema na primeira metade da entressafra, entre maio e junho. "A lotação dos confinamentos foi muito baixa porque os custos de nutrição [basicamente, grãos] ainda estavam altos", afirma o diretor da Assocon.

Apesar da redução esperada para o número de bovinos confinados, Andrade diz que a queda não deve ter impacto relevante sobre a oferta de boi gordo, ou seja, os preços do gado não devem registrar uma "arrancada". "Esses animais que não foram para o confinamento muito provavelmente vão para o semi-confinamento, que tem custo mais baixo ou serão criados no pasto mesmo", afirma Andrade. Com essa mudança, ressalva, pode haver problemas pontuais na oferta de gado, mas nada que possa preocupar.

Na avaliação do executivo, o que vem ditando os preços do boi gordo neste ano é a forte demanda dos frigoríficos para a produção de carne bovina voltada à exportação, que bateu recorde no primeiro semestre, lembrou Andrade. "Com o dólar valorizado, pode haver ainda mais estímulo para as exportações", avalia. Nesse caso, há alguma possibilidade de nova pressão de alta para os preços do boi gordo, estima.



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