terça-feira, 6 de agosto de 2013

Exportador “ganha” R$ 8,5 bi com câmbio

Os exportadores brasileiros ampliaram em quase R$ 20 bilhões (cerca de 25%) a receita com o embarque de produtos agropecuários entre janeiro e julho deste ano, na comparação com o mesmo período de 2012. O crescimento se deve ao aumento do volume embarcado e à desvalorização cambial, que mais do que compensaram a queda dos preços no mercado internacional.

Somente a alta do dólar em relação ao real contribuiu com um montante de quase R$ 8,5 bilhões. O cálculo compara a receita em dólar das exportações nos sete primeiros meses do ano com a do mesmo intervalo do ano passado, convertida ao câmbio médio de cada período.

De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento (Secex/Mdic), as exportações de soja e derivados, carnes in natura, açúcar, café, milho, fumo, couro, suco de laranja e algodão totalizaram US$ 47,3 bilhões no acumulado do ano, um aumento de quase 12%.

Convertida ao câmbio médio do período (R$ 2,0678 por dólar), a receita ficou próxima de R$ 98 bilhões. Um ano antes, as exportações desses produtos somavam US$ 42,4 bilhões - ou R$ 78,3 bilhões ao câmbio médio do período (R$ 1,8906). Não fosse a valorização de 9,3% do dólar, as mesmas exportações teriam rendido pouco mais de R$ 89,5 bilhões entre janeiro e julho - quase R$ 8,5 bilhões a menos do que o verificado ao câmbio de R$ 2,0678.

O cálculo merece pelo menos uma ressalva. Embora os preços das commodities sejam, em sua maioria, formados no exterior, algumas delas sofrem a influência direta da cotação do real - caso especial daquelas commodities em que o Brasil tem uma participação de mercado predominante, como açúcar e café.

Quando o câmbio se desvaloriza, como aconteceu entre 2012 e 2013, exportadores passam a receber mais reais pelo mesmo volume vendido a um determinado preço em dólar, o que tende a pressionar as cotações para baixo no exterior. Contudo, a correlação entre os preços das commodities agrícolas e o real diminuiu substancialmente desde junho do ano passado, quando o governo passou a interferir no câmbio com o objetivo de desvalorizar o real e ampliar a competitividade da indústria nacional.

A carne bovina é um caso emblemático da influência positiva do câmbio para a renda dos exportadores. A queda de 5,6% do preço médio do produto em dólar foi mais do que compensada pela desvalorização da moeda brasileira. Entre janeiro e julho, a cotação média da carne bovina exportada pelos frigoríficos do país subiu 3,2%.

No acumulado de 2013 até julho, as exportações de carne bovina in natura renderam US$ 2,8 bilhões, crescimento de 19% ante o mesmo intervalo do ano passado. Na mesma comparação, a receita em reais registrou um incremento 30,6%, para R$ 5,8 bilhões. Na prática, a desvalorização do real representou um acréscimo de R$ 504 milhões à renda dos exportadores.

A principal alavanca para o forte crescimento das exportações de carne bovina foi, no entanto, o volume. No período, foram embarcadas 630,1 mil toneladas do produto, alta de 26,7% ante as 496,9 mil toneladas de mesmo intervalo de 2012. Fonte: Jornal Valor Econômico / Edição de 06 de agosto de 2013.


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