sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Em retrospectiva análise aponta que 2012 foi marcado por insegurança

CEPEA/ANÁLISE RETROSPECTIVA DE 2012 – O fato de não ter havido grandes solavancos no correr do ano não significa que o mercado pecuário tenha sido tranquilo em 2012. O sentimento de muitos operadores, corroborado pelos preços obtidos pelos animais e pela carne, é o de que foi um ano marcado por forte insegurança, quando não por frustração – especialmente no caso de pecuaristas.
 
Os fatores macroeconômicos foram responsáveis pelas maiores dificuldades enfrentadas pelo setor em 2012. Dentre eles, destacam-se a persistência da crise na Zona do Euro, a inflação e o ritmo lento da economia brasileira, que já vinham sendo sentidos pelo setor pecuário.
 
Com o Produto Interno Bruto do Brasil avançando cerca de 1% apenas, faltou fôlego para que a demanda por carne bovina acompanhasse o aumento da oferta por volta de 4% – segundo dados de abate do Ministério da Agricultura até novembro/12 em relação ao mesmo período do anterior. O resultado foram preços nominais da carne e da arroba abaixo dos praticados em 2011.
 
A média do Indicador ESALQ/BM&FBovespa em 2012 (considerando-se as médias mensais), em termos reais (deflacionadas pelo IGP-DI de nov/12) é R$ 97,93, a menor dos últimos três anos.
 
As condições desfavoráveis das pastagens, decorrentes da forte seca, e também o desânimo de confinadores até fizeram com que os preços da arroba aumentassem em agosto e em setembro. Porém, somente em setembro os valores tiveram força para superar ligeiramente os de igual período do ano anterior em termos nominais – se considerada a série mensal deflacionada, a desvantagem nesses dois meses de 2012 chega a 7,5% em relação aos seus respectivos em 2011.
 
A carne com osso também teve um único momento de relativo bom desempenho, motivado por momentânea redução da oferta. Com valorizações superiores às da arroba ao longo de setembro, os valores nominais da carne superaram os de igual período de 2011, permitindo também que o equivalente a 15 quilos ultrapassasse o pago pela arroba de boi – é pouco comum que 15 quilos de carne no atacado valham mais que a arroba paga ao pecuarista. A média anual da carne, porém, também é a menor dos últimos três anos em termos reais. Em 2012 (considerando-se médias mensais), o preço médio da carcaça casada de boi no atacado da Grande São Paulo foi de R$ 6,40/kg em termos reais (IGP-DI nov/12).
 
Em períodos subsequentes (último trimestre/2012), porém, os preços “elevados” da carne combinados ao nível de endividamento da população inibiram o consumo e dificultaram a sustentação dos preços da carne. Em tal momento, já estavam, novamente, abaixo da média de um ano atrás.
 
No caso dos confinadores, a forte estiagem chegou a alimentar expectativas de bons preços para o “pico da entressafra”. Mas o surpreendente encarecimento do milho a partir de julho, num contexto em que o farelo de soja já estava bastante elevado, representou luz amarela aos planos de confinadores. Paralelamente, a arroba do boi não dava sinais de reação consistente, acabando por desmotivar a engorda de novo lotes.Já em dezembro, com a notícia que trouxe à cena o mal da “vaca louca” em território brasileiro – ainda que a doença não tenha se manifestado no País –, as perspectivas de avanço dos preços foram mais uma vez frustradas.
 
Alguns importadores reagiram imediatamente a essa notícia, e agentes brasileiros – exportadores e pecuaristas – sentiram de imediato o impacto comercial. A profundidade e a duração dessas barreiras vão depender da forma como o assunto for conduzido e das necessidades dos importadores. Se o setor nacional, incluindo as autoridades brasileiras, tiver agilidade, firmeza e agir com transparência, os impactos tendem a ser dissipados com certa rapidez.
 
Em 2012, sem demanda interna aquecida, frigoríficos se esforçaram para aumentar as exportações e, segundo dados da Secex, foram bem sucedidos. Houve crescimento de 15% no volume de carne in natura embarcado entre janeiro e dezembro comparativamente ao mesmo período de 2011, o que corresponde a quase 945 mil toneladas em 2012 (considerando-se só carne in natura).
 
Análise sobre o mercado pecuário elaborada pelo Cepea.
Equipe: Prof. Sergio De Zen, Msc. Shirley Menezes, Cristiane M. Spadoto, Jacqueline Mariano, Thalita Túberos, Regina Mazzini, Priscila Moretti, Ana Luiza Giacomini, Julia Blumer e Stefane Monique Fraga. / Contato: cepea@usp.br
Fonte: Análise sobre o mercado pecuário elaborada pelo Cepea. 



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