sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Bovinos impulsionam margens de frigoríficos


A rodada de balanços do terceiro trimestre confirmou a tendência de recuperação das margens dos grandes frigoríficos com o abate de bovinos no Brasil, um movimento que ajudou a compensar o fraco desempenho de outras operações no país e no exterior.

Destaque para JBS e Minerva Foods, que viram suas margens de lucro consolidadas antes de juros, impostos, depreciação e amortização (a margem Ebitda) crescerem pelo segundo e terceiro trimestre consecutivo, respectivamente.

Para a JBS, maior processadora de proteínas animais do mundo, a margem de 7,1% apurada entre julho e setembro representa uma elevação de dois pontos percentuais em relação à registrada um ano antes. Trata-se, ainda, de sua segunda maior margem para o período e a terceira para qualquer trimestre desde a abertura de capital, em 2007. Contudo, a margem da companhia ainda é a menor entre as quatro grandes processadoras de carnes.

Já a Minerva Foods viu sua margem Ebitda aumentar 3,2 pontos percentuais ante julho e setembro de 2011, para 11,7% - seu melhor desempenho para qualquer trimestre desde o IPO, há cinco anos. Trata-se, ainda, da maior margem entre as gigantes do segmento no período.
Nos dois casos, a melhora reflete o ciclo favorável para o abate de bovinos no Brasil, com o aumento da oferta e a queda nos custos de aquisição dos animais.

No terceiro trimestre, o preço médio do boi gordo recuou 5,2% ante o mesmo período do ano passado, de acordo com o indicador Cepea/Esalq, aliviando a conta dos frigoríficos. A matéria-prima representa cerca de 70% dos custos de funcionamento de um abatedouro de bovinos.

Esse cenário é particularmente benéfico para a Minerva Foods, que obtém a maior parte de sua receita do abate de bovinos no Brasil. No caso de JBS e Marfrig, empresas que optaram pela diversificação de suas atividades e são mais internacionalizadas, o abate de bovinos no país representa menos de um terço de seu faturamento.

Considerando-se apenas o resultado da JBS Mercosul - divisão que responde basicamente pela operação de carne bovina no Brasil -, a margem Ebitda da multinacional entre julho e setembro atingiu 14,5%, a maior já registrada pela companhia em um terceiro trimestre e 2,8 pontos percentuais superior à obtida pela Minerva. Seu efeito sobre o balanço consolidado só não foi maior devido ao desempenho apenas mediano dos negócios de carne bovina, suína e frango nos Estados Unidos e na Austrália, que respondem por cerca 70% das vendas da JBS no mundo.

A Marfrig também poderia ter comemorado um aumento das margens, não fossem as dificuldades enfrentadas pela Seara Foods, sua divisão de frango, suíno e alimentos processados. A divisão, que representa 68,2% da receita líquida da Marfrig, teve de lidar com a escalada nos preços dos grãos usados na ração animal e o fraco desempenho das exportações. O resultado foi uma queda de 5,8 pontos percentuais em sua margem Ebitda, para 7%.
Como resultado, a margem consolidada da Marfrig caiu de 11,5%, no terceiro trimestre de 2011, para 8,7% nos três meses encerrados em setembro. A queda só não foi maior porque seu segmento de bovinos, a Marfrig Beef, registrou a melhor margem dos últimos três anos para o período. Entre julho e setembro, a divisão obteve uma margem Ebitda de 12,7%, um aumento de 3,3 pontos percentuais em relação ao terceiro trimestre do ano passado.

De olho no ciclo favorável para os negócios no Brasil, a JBS tenta ampliar o peso do país em seus negócios. Na semana passada, a companhia controlada pela família Batista anunciou a intenção de retomar a operação de seis frigoríficos atualmente parados até abril do ano que vem. Só neste ano, a empresa comprou ou arrendou pelo menos 12 plantas no país.

O presidente da companhia, Wesley Batista, afirmou que a meta é ampliar o volume de abate doméstico em pelo menos 2 milhões de cabeças (cerca de 22%, nas contas do executivo) no ano que vem. Com isso, ele prevê que a participação do Mercosul na receita total alcance 35% em 2013, ante 25%, em 2012, e apenas 20% no, ano passado.

A melhora das margens abriu caminho para que os JBS e Minerva reduzissem seus níveis de alavancagem no último trimestre. No caso da JBS, a razão entre a dívida líquida e o Ebitda recuou para 3,68 vezes ao fim de setembro, o menor nível desde o segundo trimestre de 2011 - embora ainda elevado. Em junho, essa relação era de 4,27 vezes.

A alavancagem da Minerva caiu mais timidamente na mesma comparação, de 3,99 vezes para 3,7 vezes. No entanto, o indicador apresenta uma melhora contínua em relação ao patamar observado no fim de 2009, quando essa relação ficou próxima de 6,6 vezes. Já a Marfrig viu a alavancagem crescer, de 3,73 vezes para 3,93 vezes.

 Fonte : Valor Econômico / Por Gerson Freitas Jr. e Luiz Henrique Mendes | De São Paulo

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